Guimarães, 12 de Maio de 1125

Hoje, quando acordei, estava um dia lindo. Decidi ir cavalgar no meu cavalo Rover. E aí fomos nós por esses montes e vales. No início amaldiçoei ter-me esquecido do leitor de mp3, mas depois fui cantarolando mais o Rover as cantigas de amigo de um trovador meu amigo e o que nos divertimos, caramba.

Lá pelo meio-dia já fazia mui calor, pelo que parámos à sombra de uma frondosa árvore e fui molhar os pezitos num riacho que por ali corria.

9 de Junho de 1125

Hoje fazia muito calor. Só se estava bem dentro do castelo. O pior era o cheiro que vinha da fossa. Por isso decidir ir cavalgar no meu Rover. E lá fomos nós por montes e vales, com a brisa a acariciar-me a face.

Quando o Rover se cansou, parámos à sombra de uma frondosa árvore e aproveitei a frescura de um riacho que por ali corria e fui molhar os pezitos.

1 de Agosto de 1125

Meu Deus, que calorão! Hoje nem a cota de malha consegui vestir. É que não se aguenta. Assim, fiquei o dia todo no castelo. Já cá vieram arranjar a fossa e agora tasse. Ao fim da tarde, peguei no Rover e fui dar uma voltinha. Já corria uma brisa e fui molhar os pezitos lá abaixo ao riacho que por ali corre.

3 de Agosto de 1125

Hoje o Egas Moniz veio-me azucrinar a cabeça por causa dos meus passeios no Rover. Que a ração está pela hora da morte, que gasto muito com o Rover, que ele anda com a corda no pescoço. Desde que o conheço que anda sempre com a corda no pescoço... Sabes, diário, eu não vivo com a minha mãe. Foi o Egas Moniz que me criou desde tenra idade. Por isso tenho que o respeitar como a um pai.

Hoje não fui molhar os pezitos :(

9 de Setembro de 1125

Hoje era dia de limpar o castelo. Mas como não me apetecia nada, fui só ao Pingo Doce fazer umas compritas. Assim como assim, o Egas não está cá, por isso limpo o castelo amanhã. Foi a Santiago de Compostela pagar umas promessas.

Quando vinha das compras, puff, tive um furo. Saí do Rover e confirmei que lhe faltava a ferradura numa das patas de trás. É da merda dos buracos na estrada. Se isto fosse um país a sério, podíamos ter um instituo das estradas que zelaria pela boa conservação das mesmas. Mas como estamos num condado... Qualquer dia chateio-me e fundo um país a sério!

18 de Novembro de 1125

Hoje a minha mãe veio visitar-me e trouxe o palerma do marido. Não gosto nada do meu padrasto. Chama-se Fernão Peres de Trava. Que nome ridículo... Trava a fundo, não mates a velha! Ah, ah, ah. O que eu e pessoal gozamos com ele. E não penses que é cousa pouca. Aqui há uns anos disse-lhe cara a cara que o achava abichanado e tive que fugir para a Galiza, que o gajo quando se irrita transforma-se. Perde aquele ar efeminado e mete medo ao susto.


Refugiei-me em Tui, na casa de uns amigos. Um dia, táva-mos lá a curtir um som e a contar anedotas de mouros. Nisto, aparecem uns ciganos e começam a meter-se co'a gente. Que o som que ouvíamos era fatela, que éramos uns meninos copo de leite e tal. Bem, eram cantigas de escárnio e mal-dizer, o que não é propriamente música para meninos. Mas os gajos não desistiam de nos achincalhar, até que um deles mostra a lâmina de uma navalha. Aí, não estive com meias medidas. Armei-me em cavaleiro, puxei da espada e comecei a esquartejá-los um a um. Foi um banho de sangue. Ainda hoje, quando encontro o Fanan ou o Luis Miguel, recordamos aqueles tempos com saudade, confesso.


Mas tudo isto a propósito do Trava. Cheira-me que ainda vou ter que me chatear a sério com ele.